ÂNCORA E O PEIXE - SÉCULO III - ROMA - CATACUMBA PRISCILLA
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A ARTE CRISTÃ PRIMITIVA
Declínio do Império Romano O Império Romano declinou
lentamente, no período compreendido entre os séculos III e IV, o que deu azo a
que o impulso à arte oficial fosse proporcionado pelo Estado e por uma economia
em expansão. O povo voltou-se para o mistério religioso de Leste, para o
conforto espiritual numa época de confusão, em que se difundia o interesse pelo
judaísmo, até este ser eclipsado pelo cristianismo. Desde que o Império foi assolado pelas
invasões bárbaras, a lealdade passou a ser uma alternativa espiritual, e a
escolha imperial do culto religioso era uma expressão do destino do Império.
Por essa época, a igreja cristã desenvolvia se- Arigenes tornara a cristandade
respeitada intelectualmente (c. l85-253) e não podia ficar ignorada por muito
tempo.
As perseguições de Décio, Valeriano e Diocleciano de nada
valiam; e quando Galério, então governador da parte leste do Império Romano, invadiu
a Itália, voltou-se para o cristianismo, cujo deus, na sua opinião, o tinha
magoado. Fora um dos que aconselhara Diocleciano a perseguir os cristãos, e
agora promulgava a lei da tolerância. Esse ato, porém, não lhe assegurou a
vitória. Após a batalha de Ponte Milvius, perto de Roma, ganha por Constantino,
este proclamou, em 313, o Edito de Milão, de acordo com Licínio, e o
cristianismo foi admitido como religião.
JERUSALÉM CELESTE - 230-240 D.C - ROMA - HIPOGEU DOS AURÉLIOS
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O alvorecer do cristianismo
Os primeiros modelos da arte cristã provêm do
desenvolvimento artístico que ocorreu nos últimos séculos do Império Romano.
Como os primeiros cristãos viveram numa época de elevada cultura, é
perfeitamente lógico que tenham tomado avanço na corrente que tendia para as
artes decorativas e ai imprimissem a expressão da sua própria religião e das suas
aspirações espirituais. Conquanto adoptassem a linguagem artística vulgar, por
necessidade ou em alternativa, nunca exprimiram os seus ideais do Evangelho
senão no seu próprio estilo.
Também é significativo que o testemunho artístico dos
primeiros cristãos, que mantinham a fé para alcançar melhor vida no futuro, se revelasse
na pintura e escultura dos túmulos-indicação clara de que o seu principal
interesse não consistia na vida deste mundo, mas na que devia vir para além dos
limites do tempo.
CATACUMBA ROMANA - CEMITÉRIO DOS PRIMEIROS MÁRTIRES CRISTÃOS
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Pintura
Julga-se que nas catacumbas de Roma estejam as mais antigas
pinturas cristãs (B). Por vezes, encontram-se pinturas dessas nas decorações de
paredes das criptas, ou caves subterrâneas, onde foram sepultadas e veneradas
as relíquias dos mártires, e também nas abóbadas e paredes dos nichos,
geralmente quadrados, destinados a túmulos que devem ter pertencido a uma só
família. Veem-se com menos frequência rios corredores dos túmulos. A técnica
usada era a pintura a fresco.
Nem todas essas pinturas cristãs atingem alto grau
artístico. Não conseguiram chegar a uma expressão lírica ou um verdadeiro
sentido poético, por terem sido executadas principalmente por simples artistas
e artificcs que repetiam certas cenas tiradas da arte popular, distinta das
tradições da classe mais elevada. Trabalhavam com diferente nível de perícia,
mas com escasso respeito pela estética. O declínio da forma clássica na última
arte romana pode explicar-se pelo renascimento do elemento popular. Na cena da
Jerusalém Celeste, no hipogeu (câmara fúnebre) dos Aurélios em Roma (C), a
visão aérea tem sido atribuída a uma origem popular. A suprema indiferença pela
forma clássica nas figuras de Adão e Eva (D) da Catacumba de San Pietro e San
Marcellino, em Roma, pode ter a mesma origem.
ADÃO E EVA - MEADOS DO SÉCULO VI - ROMA - CATACUMBAS DE SÃO PEDRO E SÃO MARCELLINO
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