segunda-feira, 27 de julho de 2015

ESCULTURA EM RELEVO COMEMORATIVA

O Primeiro grande monumento oficial do Império Romano é o Altar da paz Augusta, a Ara Pracis, erguido entre 13 e 9 A.c. a sua decoração esculpida constitui-se uma magnifica expressão de ideias e esperanças de uma nova era. O painel Tellus simboliza, por meio de uma alegoria em estilo helênico, a paz e a prosperidade do mundo romano; o friso do cortejo e não só o registo autêntico de um acontecimento, mas também uma criação magnifica e digna, inspirada na arte clássica grega. A requintada decoração floral que ornamenta a construção foi esculpida por artifices gregos no mais puro estilo helenístico. 
TRIUNFO DE TITO - ARCO DE TITO - 80 A.C. - ROMA
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O friso do cortejo está na origem de uma tradição romana de relevo histórico. Constitui uma tentativa manifestamente feliz para atingir o realismo, usando os planos recuados do relevo para mostrar profundidade e espaço. Ainda durante um século ou mais, os escultores continuaram a interessar-se por estes problemas, e a tentativa mais bem sucedida de tal escultura em relevo tridimensional pode ver-se no famoso painel do cortejo do Arco de Tito, cerca do ano 80, que dá uma impressão de vida real e movimento surpreendidos momentaneamente pelo espectador. Nem todo o relevo histórico romano tentou esta espécie de realismo. Muitas vezes são introduzidas figuras alegóricas gregas em cenas históricas, e a ideia de apoteose imperial associa na mesma cena deuses e homens em simples convivência.
FRISO PROCESSIONAL - ALTAR DA PAZ AUGUSTA - 13-9 A.C. - ROMA
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Os relevos da Coluna de Trajano (c. 110) (A, B), representando as campanhas do imperador na Dacia, adoptam um estilo realista, baseado, sem dúvida, nos relatos de testemunhas oculares. Os relevos, que envolvem em espiral o fuste da coluna, apresentam-se segundo o chamado «método de narrativa continua>›, no qual as cenas se fundem umas nas outras sobre um fundo continuo. A prática da alegoria foi preferida no tempo dos imperadores Adriano e Antonino, no século II, sendo as grandes composições em painel deste período muitas vezes pomposas e de concepção inverossímil (p. 26). No fim do século ir e no século III, dá-se a reação inevitável a este estilo, devida em parte a mudança de ideias artísticas, que parece proceder de muitas fontes diferentes uma reação <<popular›› na própria Roma e fortes influências das tradições artísticas das províncias romanas orientais. 
ORNAMENTO ESPIRALADO FLORAL - ALTAR DA PAZ AUGUSTA - 13-9 A.C. - ROMA
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Algumas das características desta mudança podem observar-se no contraste entre os relevos da Coluna de Trajano e os da Coluna de Marco Aurélio (c. 180), que obedeceram ao mesmo princípio de decoração. Os artistas do último monumento pareciam estar mais interessados em exprimir o horror e o sofrimento da guerra do que em dar um testemunho realista dos acontecimentos; e, para tal, estavam dispostos a distorcer feições, exagerar gestos e prestar menos atenção à modelação e à. proporção. O termo ‹‹expressionismo›› tem sido usado para exprimir as tendências opostas ao naturalismo orgânico da arte helenística: um novo gosto que admite durezas de composição, incertezas de proporção, gravura ou escultura descuidada, e se concentra mais na expressão de ideias e sentimentos. Estas tendências podem ser estudadas nas ricas séries de sarcófagos esculpidos no século III. Alguns, como o do Filósofo, do Museu Luterano, revelam as esperanças e aspirações daqueles que viveram nos tempos agitados dos fim do Império.

COLUNA DE TRAJANO - PRINCÍPIOS DO SÉCULO II - ROMA
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