quarta-feira, 29 de julho de 2015

PINTURA DECORATIVA ROMANA


PORMENOR DE CHÃO DE MOSAICO - SÉCULO IV - PIAZZA - AMERINA - SICÍLIA - VILA 
ROMANA DEL CASALE
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Pintura decorativa romana
Os nossos conhecimentos sobre a pintura romana não provêm da arte oficial de Roma, mas da decoração de casas particulares e túmulos. Do século ir a. C. ao ano 79 da nossa era, a história da pintura romana decorativa encontra-se bem documentada nas paredes das casas de Pompeia e Herculano, assim como em delicados exemplares em Roma e noutras partes da Itália. Do ano 79 em diante, a evidência é muito mais fragmentária algumas casas, túmulos pintados e, a partir do século In, as pinturas das catacumbas cristãs em Roma.

DISCÓRIDES DE SAMOS - MENDIGOS E MÚSICOS - 100 A.C. - NÁPOLES - MUSEO NAZIONALE
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O primitivo estilo romano de decoração interior é comum numa vasta área do território helenístico, e certamente foi introduzido na Itália vindo do Leste da Grécia. Nesse estilo, a parede era concebida para dar a ideia de placas de mármore de diversas cores, imitando as construções de alvenaria da Grécia (p. 167). Este estilo primitivo foi a base arquitetural de toda a decoração interior romana que se seguiu. O chamado «estilo de Pompeia» transformou esse esquema-base, fazendo um retrocesso da parede por meio da perspectiva da arquitetura, que, segundo parece, deriva dos cenários de teatro helênico, mostrando uma vista de um parque e jardim ou figurando cenas e paisagens atrás de colunas. Os maiores frisos pintados, tais como os da Villa dei Misteri, em Pompeia (p. 168), ou as Paisagens da Odisseia, agora estão ligados a este segundo estilo de decoração. Correntes posteriores em desenho decorativo consistiam em fazer as paredes ou parte delas como se fossem um biombo aparentemente ocultando a vista, ou, por vezes, como uma superfície plana, dividida em painéis por desenhos de fantástica arquitetura, como os «grotescos» da Casa Dourada de Nero que inspiraram a obra de Rafael nas Loggie do Vaticano. O estilo de decoração de paredes compreende muitas vezes painéis pintados sobre o fundo.
O CAVALO DE TRÓIA - DE POMPEIA - SÉCULO I - NÁPOLES - MUSEO NAZIONALE
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O último estilo do ano 70, aproximadamente, introduz novamente visões barrocas de arquitetura no plano de fundo. Nos esquemas de decoração, os artistas introduziam uma rica variedade de motivos *frisos e painéis, vistas de mar e campo, paisagens com figuras, naturezas-mortas, retratos, etc. A origem desta pintura vem, na sua maior parte, da Grécia, conquanto não seja fácil avaliar, pois as antigas versões romanas diferem das originais sobre elementos de pintura romana.
O CAVALO DE TRÓIA (PORMENOR) - DE POMPEIA - SÉCULO I - NÁPOLES - MUSEO NAZIONALE
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O problema é bem claro nas ambiciosas composições de frisos no segundo estilo de paredes por exemplo, as que mostram as cerimónias da iniciação dos ritos dionisíacos na parede de um quarto da Villa dei Misteri, em Pompeia, onde as figuras são nitidamente inspiradas na arte helenística, apesar de toda a composição ser provavelmente feita por um romano da época. O mesmo problema surge no caso das cenas campestres que ilustram o décimo e undécimo livros da Odisseia, encontrados numa casa do Monte Esquilinho, em Roma, e atualmente na Biblioteca do Vaticano. Uma das características da última pintura helenística consiste no excessivo interesse pela paisagem, mas ignora-se o que as cenas panorâmicas, apresentadas como vistas de um ponto alto, com emprego considerável da perspectiva linear e aérea, devem ao estilo da época em que foram executadas. Como no caso da escultura, os pintores da época romana interessavam-se imenso pelos problemas do espaço e da perspectiva.

RAFAEL (PORMENOR) - DECORAÇÃO DA LOGGIA - 1519 - ROMA - VATICANO
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De facto, nunca terminavam uma linha aérea de perspectiva, mas continuavam-na através da criação de magistrais efeitos ilusórios, como na Entrada do Cavalo na Cidade de Tróia e, em várias paisagens daquele período.  Essas pinturas eram feitas num estilo que se poderia
Chamar impressionista, com as figuras modeladas em manchas de tinta em claro-escuro.
Apesar de serem feitas por artistas modestos, os grandes painéis pintados com composições do terceiro e quarto estilos de Pompeia têm um interesse especial pela luz que projetaram nas obras-primas da pintura grega. Não há dúvida de que muitos foram copiados pelos famosos pintores gregos dos períodos clássico e helenístico, de que ainda existem várias réplicas.
Um exemplo típico consiste no quadro que nos mostra o herói Perseu libertando Andrômeda. O que sabemos sobre as últimas pinturas gregas provém dessas cópias romanas, conquanto esse conhecimento deva ser empregado cuidadosamente, visto que as réplicas diferem muito umas das outras. Mas nem todos os assuntos da pintura romana decorativa são gregos. A predileção por paisagens e jardins, como o magnífico jardim da Villa de Lívia, na Prima Porta, parece ser romana, assim como o gosto pelas naturezas-mortas e composições em trompe
Depois da destruição de Pompeia, no ano 79, é muito fragmentada a informação sobre o desenvolvimento da pintura romana. Continuaram a ser usadas as mesmas bases de decoração, e as paredes pintadas de Óstia e de outros locais ainda existentes são versões inferiores ou simplificadas de esquemas já conhecidos em Pompéia. Só se podem tirar as conclusões mais incertas sobre o estilo das figuras pintadas. No tempo de Trajano e Adriano, na primeira metade do século II, houve uma restauração do classicismo, com os seus finos contornos e precisa modelagem a cor, o que parece ter sido continuado no período antonino (138-192) pelo renascimento da maneira impressionista.
RAFAEL - A VIDA DE JESUS - DO TETO DA LOGGIA, 1519 - ROMA - VATICANO
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Decoração em mosaico
A tradição da decoração em mosaico, no Império Romano, está estreitamente ligada à pintura. Os primitivos mosaicos de Pompeia eram executados em pequeníssimas tésseras (pequenos cubos de pedra colorida) e imitavam as pinturas gregas, tais como os famosos mosaicos de Alexandre, da Casa do Fauno, em Pompeia, que se crê serem copiados de pinturas do século IV A. C. As pinturas em trampe l`oeiI, cenas campestres e cenas de inspiração egípcia, parecem ser de inspiração helenística. Nos séculos Ir e In, os esquemas para tapetes, baseados no desenho geométrico, contendo figuras e outros pormenores pitorescos, constituem a mais típica decoração em mosaico, mas todas as composições com figuras em ponto grande que foram encontradas pertencem ao último período romano. Os mais belos exemplares são os mosaicos do século IV, da Piazza Armerina, na Sicília. No século IV, as mais belas decorações de tetos eram de mosaico, segundo a moda característica da arte primitiva bizantina e da arte cristã. Um dos mais expressivos exemplos é a decoração da abóbada do claustro de Santa Costanza, em Roma, que data de meados do século IV.
O painel pintada é uma porção distinta da parede numa espécie de moldura saliente. (Não se deve confundir com a emprega do termo que designa uma pintura móvel, geralmente executada sobre madeira.)

Muitas paredes pintadas fórum transferidas para painéis de madeira para conservação em museus. Às paredes de mosaico dentro de uma área definida são também apresentadas como painéis.

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